sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Ilusão

É fezes, estrume e chorume
Só bosta da base ao cume

Dejetos, excretos saindo dos retos
Esguichando e jorrando direto
Merda no chão, na parede e no teto

Enquanto isso, a mulher da TV
Se diz livre por poder escolher
O cocô menos feio


Felipe Menezes - 21/10/2014

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Sangue

Grande desperdício
Morrer com dinheiro na conta

Sua falta de coragem
Compra uma vida faz-de-conta

Me chamem de esquerdista, comunista

Vomitem o repertório burguês
Não tenho religião
E sou mais cristão do que vocês

Não temo a morte nem o fim do mês

Se nada é por acaso
Que prepotência reclamar!

A sociedade é um corpo
O dinheiro é o sangue
E o sangue tem que circular


Felipe Menezes - 04/10/2014

terça-feira, 24 de junho de 2014

Teatro

A vida é um teatro.
Primeiro, ensaia-se na escola
Aprende-se o que fazer em cena para agradar a plateia

O palco é uma sala com mais 30 crianças e um adulto.
Na faculdade ensaia-se em média 5 anos
Para apresentar uma peça de décadas aos pais.
O curioso são os atores, que esquecem estarem atuando
E juram para todo o mundo que são os personagens.
Me recuso a ensaiar tanto tempo e me perguntam o motivo
É que já atuo numa peça há 27 anos
E não gosto de ensaios, prefiro o improviso.
Não preciso de roteiros ou garantias
Para me sentir vivo.
Só peço que abram as cortinas
E deixem o palco comigo.
Bom espetáculo!
E merda pra vocês. 



Felipe Menezes - 24/06/2014

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Foda-se

Adoro ser questionado.
Me divirto ouvindo os desaforos.
Nada é mais prazeroso
Do que desmentir um energúmeno.
Me dando a chance de expor como penso
E deixando evidente na minha mente
O oceano de arrogância que nos separa.
Pois o mal não existe.
Todo mal é ignorância.
Ignorância, leia-se burrice.
Nunca tive paciência para gente burra.
Por isso, aprendi a debochar do mal.
O mal é, por ser burro, extremamente mongol.
Portanto, extremamente engraçado.
Digno de desprezo, deboches e gargalhadas.
Raiva, nunca.
Por isso rio quando sou ofendido.
Acreditem, é o riso mais sincero que há.
Me excito diante da possibilidade
De provar o meu ponto pelas atitudes.
Pois as palavras e a matemática
Limitam o entendimento.
Não são linguagens nas quais confio.
A maior parte do que guardo na consciência,
Não tem tradução numérica ou literária.
De tão simples e complexo que é,
O universo que me habita.
Portanto, sou grato
Aos que quebram o frágil vidro da compostura.
Não faço questão dele intacto.
Prefiro o lado prático das coisas.
O lado verídico. Animal. Visceral.
O lado nu. Explícito.
Preto no branco.
Prefiro o caos dos tumultos e explosões.
com toda sua autenticidade
Do que regras impostas por medos e padrões
com prazos de validade.
Prefiro os loucos, ainda que poucos,
incompreendidos e roucos,
do que androides em suas rotinas,
movidos a remédios, esteroides e cocaína.
Viva o recomeço. Viva as transformações.
Que sejam bem vindas as catástrofes
quais que forem suas implicações.
Quem sou eu para dizer
O que tinha ou não de ser?
Que morra velho e nasça o novo
Que morra o novo e renasça o velho
Que morram todos de uma vez
Ou não.
Nunca temo o que vem por aí.
Pois eles todos são um
E eu sou todos eles.
Me façam algum mal
e os farei sentirem-se como idiotas
Mais incapazes que um saco de bosta.
Nenhuma matéria me preenche.
Meu vazio há muito está cheio.
Pois não existe meio-irmão
Nem meia verdade.
Um inteiro
Não se contenta com a metade.
A abundância que há em mim
Não faz contas, nem olha a quem.
Se dinheiro na mão é vendaval,
Então que vente forte.
E foda-se.

Felipe Menezes - 09/04/2014

sábado, 8 de março de 2014

Caminho do Meio

Ao norte
Sempre a morte
E que sorte
Que ela está lá


Invisível
Impassível
Indizível
Esperando eu chegar

Sem querer ir embora
Indiferente à demora
Fazendo hora
Para me libertar

Mas não tenho pressa
Não enjoei desta peça
Minha aventura começa
Onde convém terminar

Neste passeio
Meu caminho é o do meio
O que faz voltas e rodeios
E não é linear

A viagem
É de aprendizagem
Bobagem
É querer ensinar


Felipe Menezes - 08/03/2014