quarta-feira, 9 de abril de 2014

Foda-se

Adoro ser questionado.
Me divirto ouvindo os desaforos.
Nada é mais prazeroso
Do que desmentir um energúmeno.
Me dando a chance de expor como penso
E deixando evidente na minha mente
O oceano de arrogância que nos separa.
Pois o mal não existe.
Todo mal é ignorância.
Ignorância, leia-se burrice.
Nunca tive paciência para gente burra.
Por isso, aprendi a debochar do mal.
O mal é, por ser burro, extremamente mongol.
Portanto, extremamente engraçado.
Digno de desprezo, deboches e gargalhadas.
Raiva, nunca.
Por isso rio quando sou ofendido.
Acreditem, é o riso mais sincero que há.
Me excito diante da possibilidade
De provar o meu ponto pelas atitudes.
Pois as palavras e a matemática
Limitam o entendimento.
Não são linguagens nas quais confio.
A maior parte do que guardo na consciência,
Não tem tradução numérica ou literária.
De tão simples e complexo que é,
O universo que me habita.
Portanto, sou grato
Aos que quebram o frágil vidro da compostura.
Não faço questão dele intacto.
Prefiro o lado prático das coisas.
O lado verídico. Animal. Visceral.
O lado nu. Explícito.
Preto no branco.
Prefiro o caos dos tumultos e explosões.
com toda sua autenticidade
Do que regras impostas por medos e padrões
com prazos de validade.
Prefiro os loucos, ainda que poucos,
incompreendidos e roucos,
do que androides em suas rotinas,
movidos a remédios, esteroides e cocaína.
Viva o recomeço. Viva as transformações.
Que sejam bem vindas as catástrofes
quais que forem suas implicações.
Quem sou eu para dizer
O que tinha ou não de ser?
Que morra velho e nasça o novo
Que morra o novo e renasça o velho
Que morram todos de uma vez
Ou não.
Nunca temo o que vem por aí.
Pois eles todos são um
E eu sou todos eles.
Me façam algum mal
e os farei sentirem-se como idiotas
Mais incapazes que um saco de bosta.
Nenhuma matéria me preenche.
Meu vazio há muito está cheio.
Pois não existe meio-irmão
Nem meia verdade.
Um inteiro
Não se contenta com a metade.
A abundância que há em mim
Não faz contas, nem olha a quem.
Se dinheiro na mão é vendaval,
Então que vente forte.
E foda-se.

Felipe Menezes - 09/04/2014