domingo, 16 de setembro de 2012

Meu Eu e Eu

De manhã, durmo
Em seguida, vem o turno diurno
Na sequência, o noturno
Só então, descanso taciturno
É aí que sumo
Não atendo mais ao telefone
Vagueio pela casa sem rumo
Livre, leve e insone
Fazendo o que me dá na telha
Dando vez às minhas vontades
Provando o calor de uma centelha

De uma tal de liberdade
Madrugada adentro é assim
Me permito e desconcentro
Dispenso o centro, o norte e enfim
Ouço só o que vem de dentro

Converso comigo
E me conheço sempre um pouco mais
Fico cada vez mais meu amigo
Descobrindo o que me apraz
Então brindo com meu eu
E bebo por nós dois
Deitamos juntos no breu
E acordo sozinho depois


Felipe Menezes - 16/09/2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Transmutação

Não sou as roupas
Que camuflam o corpo nu
Sou muito mais

Sou a metamorfose de Raul
Não sou os cheiros artificiais
Sou o suor
E o fedor das coisas reais
Rótulos não me cabem
E os julgamentos, tão banais
Estes de nada valem
Pois amanhã não sou eu mais
Um peixe solto num mar revolto
Talvez tenha mais certeza
Sou um louco que acha pouco
Viver só uma natureza
Aqui estou. Mas este não sou.
Ou era? Não sei
De lá pra cá
Vai ver, já mudei


Felipe Menezes - 08/09/2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Chamas

Chamo-te em chamas
Num ardor
Que clama por minha dama
Fervo em cada nervo
E me aqueço
Contra o gelo da minha cama
De súbito, me levanto
Suado e farto de descanso
E tanto é meu encanto
Que meu pranto é um canto manso
Ecoa pelo lar
Numa nota de esperança
Dissipando pelo ar
O fogo ardente das lembranças

Felipe Menezes - 30/08/2012