segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Vida Passageira

Vida passageira
Vita brevis
Vida ligeira

Ontem mesmo era segunda
Amanhã já é sexta-feira

Eu mal pisquei os olhos
E lá se foi a semana inteira

Se o tempo é uma virtude
Então a vida é traiçoeira

A cada dia ele se esvai
Restando menos na peneira

Cada grão é precioso
Mais que a Amazônia inteira

Não que seja um artigo caro
Pois não vende ali na feira

Não adianta ter bom faro
Não se pega nem se cheira

Não é escuro nem é claro
Não tem jeito nem maneira

Faz de cada momento, raro
Faz da vida, passageira



Felipe Menezes - 15/09/2009

Soneto da Vida

Viemos da água
Do sol, do sal
Do céu, do chão
Do bem, do mal

Frutos do caos
Da orgia social
Do tédio de domingo
Das noites de carnaval

Filhos do solo
Da convergência dos pólos
Dos dois lados do punhal

Filhos do nada
Partes do tudo

Cálculos num mapa astral



Felipe Menezes - 04/11/2009

E.U.A.

Crises cíclicas
No sistema capitalista
Guerras implícitas
Atentados terroristas
Valores distorcidos
Por visões materialistas
Indivíduos possuídos
Por impulsos consumistas
Soldados destemidos
Falsos altruístas
Elite racista
Magistério narcisista
Jovens vendados
Sem visão periférica
Pobres coitados
Deus abençoe a América



Felipe Menezes - 22/09/2009

Poesia

A poesia não tem fórmula
Não tem regra, não tem forma

É simples pensamento
Que subitamente se transforma

Não tem escola
Não tem mestre, não tem norma

É pura intuição
Que não se ensina nem se informa



Felipe Menezes - 14/09/2009

Abraxas

Sou poeta moribundo e debochado
Oriundo deste mundo deformado
Vagabundo, disciplinado e moderado
Seco, raso e fundo. Doce, amargo e salgado

Sou careta e vadio
Me divirto e não rio
Vivo tranquilo e por um fio
Sou calor e sou frio

Falo e me calo, ajudo e atrapalho
Penso e abstraio
Folgo e trabalho

Sou porta e sou muro, claro e escuro
Fruto limpo e impuro
Verde e maduro



Felipe Menezes - 07/10/2009

Chuva, Céu, Lua e Sol

A chuva
É como uma viúva
Que chora sem parar

Já o céu
É tipo um coronel
Pontual e regular

A lua
Parece uma perua
Que adora se mostrar

E o sol
Adora um futebol
E toda noite vai dançar



Felipe Menezes - 10/01/2010

Doce Vício

É chato não saber
Por onde começar
Mais chato é escrever
Ler e não gostar

A inspiração sempre me foge
Sem dizer se vai voltar
Minha mente fica louca
Com abstinência de criar

De tanto acostumada
Viu-se, enfim, viciada
E não diz que vai parar

Não foi coisa planejada
Adquiriu, assim, do nada
O doce vício de versar



Felipe Menezes - 21/01/2010

Procedimento Padrão

Lento e atento
Penso a contento

Arisco, mudo o disco
Tento e rabisco

Assisto e desisto
Mas risco e insisto

Anseio e leio
Julgo tudo devaneio

Amasso e arremesso
Refaço e despeço



Felipe Menezes - 20/12/2009

Aprendizado

Aprendi a perder
A não pensar em poder
Aprendi a errar
E saber reconhecer

Aprendi
A não me deixar seduzir
Por ilusões que irão me trair
Aprendi a cair
E saber levantar
Aprendi a sorrir
Quando devia chorar


Felipe Menezes - 2007

Para Ler Só Por Ler

Às vezes eu pego a caneta
Só por pegar

E escrevo qualquer coisa
Só pra enganar

Poema não precisa de tema
Só pra enfeitar

A poesia é autônoma
Só pra lembrar

Basta escrever qualquer coisa
Só pra começar

E deixar o instinto falar
Só por falar



Felipe Menezes - 21/01/2010

Segredos